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Foto da pescaria nas férias da autora Danielle Andrade, ilustrando produtividade vs procrastinação

Procrastinação vs produtividade: quando o ócio faz bem? (Um relato sincerão de férias)

Antes de sair de férias, pensei: “Vou aproveitar que não posso viajar e vou estudar! Listei 2 cursos e 1 certificação para fazer, ebook para ler e mais uns itens na lista. Ótimo! Tô pronta para essas férias. Pode vir, quarentena!”

No primeiro final de semana, era páscoa. Estava com a minha família (calma, eram só as pessoas da minha casa!), estávamos na nossa casa no porto e foi simplesmente épico e inesquecível. Pessoas amadas, um lugar amado, pôr do sol incrível, o Rio Paraná, nós pescando da borda em um fim de tarde indescritível.

Fiquei ali parada olhando minha família e só sabia ser grata por aquele momento e por todos estarem bem. Paralisei no tempo, me emocionei e me emociono só de lembrar. Sem fotos, sem internet, sem comunicação, nem parecia que uma pandemia assombra o mundo. Era só sorrisos, olhares de amor e um silêncio encantador.

E a produtividade na quarentena?

Se lembrei da minha lista de férias? Nem passou pela minha cabeça! E quando passou o feriado de páscoa, eu ainda não lembrava dela. Ainda estava anestesiada por aqueles 3 dias que ainda não achei palavras para descrever, e que me fizeram lembrar que precisamos nos desligar do mundo para nos conectar com nós mesmos, nos conectar com o que acreditamos e relembrar dos valores que tanto nos movem.

Tentando recuperar o foco…

No quarto dia, recuperei a minha lista de férias e pensei “Foco, mocinha! Você prometeu que iria estudar. Vamos lá!”. Foi quando minha mãe me chamou para ajudar ela a cortar e costurar uma camisa pra mim. Pensei, “Vai ser rápido, vou ajudar”. Quando percebi, já era fim do dia e estava ao lado da minha mãe na máquina, observando como ela fazia cada detalhe e enchendo ela de porquês. Quando vi, se passaram 4 dias e já tínhamos duas camisas prontas que nem sei quando vou usar, mas espero que em breve.

E a minha lista de férias? Novamente, nem lembrei dela! Por outro lado, o tempo costurando com minha mãe me fez pensar que, mesmo que você tenha um molde em mãos para fazer exatamente igual para outra pessoa/empresa, não vai dar certo! Cada corpo é diferente um do outro, cada tipo de tecido gera um resultado diferente. Se você não souber olhar os detalhes para encontrar onde está o erro e se perguntar “por que essa costura ficou assim?”, teremos sempre “camisas” que geram resultado em apenas um tipo de corpo. Adaptabilidade, olhar crítico, estratégia e competência geram resultados.

8º dia – A costura para gerar resultados melhores

Oitavo dia das férias, peguei a minha lista e já risquei alguns itens porque os dias que faltavam não batiam com a quantidade de itens. Me organizei novamente, comecei um dos cursos, estava entrando no ritmo… quando minha avó me chamou: “A vó precisa de ajuda, não estou acertando fazer essa máscara de tecido, você pode me ajudar?”. Como que nega um pedido de vó? Se vocês souberam como, me contem, porque pra mim é impossível!

Pausei o vídeo e fui. Olhei o molde que ela fez, como se eu já tivesse feito máscara na minha vida, mas era perceptível que tinha algo errado ali. Aceitei o desafio e pesquisei tutoriais no Youtube, coloquei na TV para ela ver em um formato bem grande (rs) e juntas encontramos onde estava o erro. Mas ela ainda estava com dificuldades de entender o molde. Peguei lápis e papel, desenhei, cortei o molde no tecido, sentei na máquina e costurei um molde.

Quando terminei, ela pegou na mão e falou: “o molde é esse, mas quando você for costurar, lembre-se sempre de olhar por onde a costura tem que ir, dobrar o tecido e de fazer a costura do começo e do final com retrocesso, assim ela não vai descosturar e fica firme.” Fim do dia e aprendi que ao unir curiosidade, desafios, experiência e prática, você pode sim atingir resultados, mesmo que eles comecem com falhas que precisam ser corrigidas para obter resultado ainda melhor. Minha segunda máscara é prova disso, ainda mais que recebi um “ficou muito bom” de uma avó crítica pra caramba!

Meu curso? Minha lista? Deixei de lado outra vez, e os dias passaram…

10º dia – Inteligência emocional sem cursos

Décimo dia das férias. Vi meu pai, aposentado recentemente, que está perdido sem a antiga rotina. Senti ele pra baixo, fui conversar, e quando vi, estava em um papo sobre inteligência emocional e motivação. Tentei ajudar ele a ver a rotina por outra perspectiva e que é preciso ter força de vontade para querer mudar e fazer diferente. Terminamos a conversa e fomos cozinhar!

O que aprendi em mais um dia de ignorar minha lista de estudos, é que só conseguimos ajudar outras pessoas emocionalmente quando nós estamos bem emocionalmente. Um dia me falaram sobre o porquê de que, em um avião, temos que colocar primeiro a máscara de oxigênio em nós e depois nas outras pessoas. Esse exemplo representa muito bem esse momento. Se eu não estivesse cuidando do meu emocional há um tempo, buscando essa inteligência emocional, jamais teria conseguido ajudar o meu pai.

O resultado que colhi disso é ver que ele está mais ativo, está cuidando da saúde dele, começou a fazer pequenas atividades físicas, todos os dias busca fazer algo diferente. Mesmo que a mudança ainda seja muito pequena,  ele quis essa mudança e está se empenhando para ela. Feedbacks bem construídos e com fundamentos podem transformar as pessoas, pense nisso!

11º dia – Plantando análises e estratégias (e salsinha)

“Décimo primeiro dia, agora vai!! Nem que seja um curso pelo menos…”

Sentei no computador com um cafézinho da hora. Após 1h30 de aula, meu pai chega e me chama “Vamos fazer uma hortinha para você!”. Olhei pro computador e para a empolgação dele, e escolhi a empolgação dele, afinal eu tinha ajudado naquela atitude. Lá vamos nós plantar hortelã e salsinha. Pra variar, não sabia nem por onde começar, e ele perguntando a minha opinião, fui sincera e disse “não sei pai, mas podemos descobrir!”.

Abri o Google e comecei a pesquisar sobre as dúvidas que ele tinha, mas descobri que na verdade ele já tinha a resposta, mas estava testando o meu interesse sobre o que estávamos fazendo. Terminamos nosso plantio e ele falou “Agora tem que olhar todos os dias, ver como está a terra, colocar água e no sol pra ver como que vai”. Isso me lembrou que: Para atingirmos os resultados que queremos, temos que monitorar, analisar como está indo, acertar nos horários “de sol” para colhermos os frutos das ações.

12º dia – Encerrando as férias pescando aprendizado!

Décimo segundo dia, bom… nem preciso dizer que esqueci de vez minha lista de produtividade e estudos para as férias, e fui pescar com a minha família. Para quem não sabe, eu amo pescar e pescaria ensina muito sobre resiliência, estratégia, organização e planejamento.

A conclusão das minhas férias que estavam planejadas para serem de upgrade de carreira? Foram muito mais que isso! Talvez eu tenha aprendido coisas que nenhum curso ensina.

Meu saldo final das férias: 2 camisas, 1 vestido, 2 máscaras, 1 horta, memórias inesquecíveis, aprendizados constantes e zero peixe!

Não faça da sua quarenta uma competição de quem malha mais, estuda mais ou quem é mais produtivo. Eu não me arrependo nem um pouco por não ter feito os itens da minha lista. Na verdade.. ainda bem que não fiz! Aceitei as oportunidades que recebi de aprender algo novo.

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