Muitas vezes, em nossa trajetória profissional, precisamos lidar com a possibilidade da transição de carreira. Nem sempre…
Como montar uma palestra de sucesso em 5 passos
Uma palestra de sucesso é aquela que motiva o público e cumpre o objetivo, seja ele qual for. Você pode ter a intenção de evangelizar pessoas sobre uma nova ideia, repassar seu conhecimento, reforçar a importância de uma tecnologia, enfim, são muitas as possibilidades de uma boa palestra.
Porém, sabemos que montar uma palestra de sucesso pode ser um desafio. Afinal, qual a melhor maneira de prender a atenção do público? O que você pode fazer para chegar ao objetivo da sua palestra de uma maneira leve e marcante para quem assiste?
Para responder isso, convidamos Guilherme Motta!
Guilherme é Agile Coach, Gestor de Equipes de desenvolvimento de software e Coordenador de Tecnologia na Globo.com.
Complementando as dicas valiosas de Guilherme, temos também comentários com recomendações da equipe da DB1! Alguns de nossos colaboradores mais experientes como palestrantes deixam suas opiniões sobre como montar uma palestra.
Você aprenderá:
- Como encontrar bons temas
- Como montar sua apresentação de slides
- Como iniciar uma palestra
- Como falar bem em público
- Como concluir sua palestra
- BÔNUS: Palestras online, o que muda?
- +5 lembretes importantes
Anote as dicas e prepare-se para palestrar como nunca!
1 – Ao escolher o tema da palestra, observe tendências e valorize o que domina
Uma forma interessante de encontrar bons temas é olhar para as grades de eventos, em múltiplas edições e perceber quais os assuntos emergentes. Fique atento as empresas que realizam pesquisas de mercado e avaliam tecnologias, linguagens, frameworks e tendências no mercado de desenvolvimento de software, TI e negócios. Grupos de usuários e eventos locais podem ser ótimos lugares para testar temas novos e identificar assuntos que devem ser fomentados em uma escala maior. O seu trabalho, no dia a dia e as respectivas soluções também são fontes valiosas de temas relevantes.
Ter domínio sobre o tema e conseguir ser flexível e adaptar a apresentação conforme as reações da platéia é uma habilidade de palestrantes diferenciados. Improviso é uma habilidade importante para palestrantes. Palestras robotizadas que seguem um script são inevitavelmente menos legítimas do que quando a pessoa que está palestrando é capaz de observar a sala, as pessoas e as reações.
O que a equipe da DB1 diz sobre a escolha de temas:
Wagner Voltz: “Acredito que todo tema é bom desde que você tenha vivido ele. A experiência que você tem em alguma coisa sempre é um bom tema e sempre vai ajudar alguém, pois este poderá passar por algo semelhante.”
Marco Diniz: “Algo que seja simples, mas poucas pessoas do seu público conheçam (ex. Cognição em TI em um evento de e-commerce, ou Arduino com C# em um evento de .Net). Assim fica certo que o público vai entender, mas não vai considerar massante e, de quebra, você só precisa ter uma boa noção do tema nesses casos, não precisa ser expert.
Outra opção é buscar algum tema em forte ascensão, como Blockchain, Bitcoins, etc. São temas com muita demanda, mas diferente da minha primeira dica, nesse caso o palestrante tem que dominar completamente o assunto, pois certamente a maior parte do público já viu alguma palestra sobre.”
Ana Letícia Feijó: “Para selecionar um tema sempre procuro algo que seja interessante para o público de onde vou me apresentar. É legal sempre trazer temas que quebrem paradigmas e que tenham dois pontos de vista. Depois de escolher o tema, sempre tomo cuidado na escolha do nome da palestra para que fique interessante e atrativo.”
Luciane Nicolodi: “Procuro algo que está dentro do meu core de conhecimento e que seja um diferencial para os demais, meu objetivo é sempre mostrar coisas novas baseado em minhas experiências e sempre focado em repassar o conhecimento para ajudar e agregar no dia-a-dia de quem está recebendo este conhecimento.
Outra forma que utilizo é estudar um tema que ainda não domino, aplicar em alguma situação específica e então relatar esta experiência, desde a organização para o estudo, aplicabilidade dele e o resultado obtido. Nem sempre o resultado é bom e vejo como importante contar quando o resultado também não é bom, para que ninguém mais repita o erro. ”
André Celestino: “Para encontrar os ‘assuntos do momento’, você pode procurar em seus feeds das redes sociais como LinkedIn.”
Nôga Simões: “Por atuar com Inovação, startups, marketplaces, vendas, busco temáticas nas quais possuo know-how e exemplos práticos, para linkar teoria e prática e ser algo que flua mais naturalmente e haja coerência discurso x prática. Busco também temas recentes e que tragam ineditismo.”
2 – Monte slides objetivos para que não tirem a atenção da sua fala
Use pouco texto. Opte por figuras e imagens que ajudem o público a entender o contexto.
Não exagere na quantidade de gifs e vídeos, pois isso pode atrapalhar o público a seguir a linha de raciocínio.
Se for mostrar código, tome cuidado com o tamanho da fonte. Prefira cores que contrastem, fundo preto e fontes grandes brancas são geralmente mais visíveis.
O que a equipe da DB1 diz sobre apresentação de slides:
Wagner Voltz: “ Considero usar imagens inspiradoras e poucos textos (só para lembrar o que devo falar). Mas o mais importante é como você apresenta e mostra propriedade no assunto. ”
Marco Diniz: “Nos slides procuro colocar, se possível, nada. Geralmente alguma imagem ilustrativa, algum gráfico para eu apontar enquanto estiver falando de dados, mas o mínimo possível de texto. ”
Ana Letícia Feijó: “Para montar a apresentação de slides procuro sempre deixar os slides leves, com pouco conteúdo, apenas com tópicos para orientarem minha fala e imagens que possam me ajudar a explicar algo, ou que tenham sintonia com os tópicos, criando um contexto. ”
Rodolfo Helmbrecht: “Slides objetivos e visuais, sem muito texto porque ninguém lê durante palestras. Mesmo que a pessoa leia, seria ruim, pois é melhor que a atenção esteja em você. Leve em consideração que cada slide leva em média 3-5 minutos para ser apresentado. ”
Luciane Nicolodi: “Escrevo apenas os pontos principais, evito textão por que sei que ninguém lê nessas horas. Utilizo imagens para deixar a apresentação mais visual.
OBS.: tenho certa dificuldade em montar a apresentação então sempre peço vários feedbacks. Se esse também é o seu caso, não deixe de pedir um retorno do público para saber o que adequar. ”
André Celestino: “Um layout agradável em suas cores e fontes, com breves animações para instigar os participantes e também analogias são muito úteis para uma boa apresentação.”
Nôga Simões: “Levo em consideração o público-alvo, tempo de duração, informações relevantes, autores reconhecidos no assunto e interações com o público.”
3 – Pratique sua oratória para a palestra
Gravar vídeos de você mesmo apresentado o conteúdo pode revelar uma série de cacoetes e formas não verbais de comunicação. Gestos, caras e movimentação podem contribuir positivamente ou negativamente para a absorção do conteúdo e atenção dos ouvintes. É difícil de perceber e se autoanalisar enquanto você está construindo o story telling e apresentando um conteúdo.
Gravar apenas a sua voz também é efetivo e revela outras oportunidades de melhoria, bengalas da comunicação, tom de voz, velocidade da fala que podem ser determinantes para o bom entendimento das presentes, entre outras coisas.
Para dar ênfase em conceitos e pontos importantes, nós utilizamos recursos como dar pausas intencionais para que as pessoas possam também ter chance de refletir e respirar ao longo da palestra.
Na hora da apresentação, nunca fique olhando para os seus slides ou de costas para a plateia. Sempre dê atenção aos participantes.
Faça contato visual com as pessoas que estão assistindo e note como as pessoas estão reagindo as informações que estão sendo passadas.
Pratique!
O que a equipe da DB1 diz sobre falar em público:
Wagner Voltz: “Pratique em público, pratique em público, pratique em público. Só praticar em casa no espelho não é garantia de nada. ”
Marco Diniz: “Treine 1 ou 2 vezes. Sempre acho que vou saber o que falar, mas, quando simulo pela 1ª vez, sempre me enrosco em alguma parte ou acabo misturando ideias. Decore as ideias e a ordem, mas não as palavras. Dá para perceber quando o palestrante está falando algo decorado, como se tivesse lendo. Não passa confiança e a palestra fica parecendo aula de ensino médio. ”
Ana Letícia Feijó: “Para falar bem em público, treino e estudo o assunto até sentir que o dominei. Só falo bem em público quando tenho propriedade sobre o assunto. ”
Rodolfo Helmbrecht: “Construa um roteiro com: Rapport, apresentação do palestrante, apresentação da empresa, o que será abordado sobre o tema, conteúdo e conclusão. Esse roteiro ajudará a guiar seu pensamento e ter segurança. ”
Luciane Nicolodi: “Use técnicas de respiração para conter o nervosismo e não ficar com a voz trêmula.
Tento utilizar uma linguagem comum, nada de palavras estranhas, por mais que para mim elas sejam conhecidas. Em pontos determinados da palestra procuro fazer perguntas para o público, para prender e chamar a atenção ao tema. ”
André Celestino: “Um dos segredos para expressar o conhecimento é dizer as palavras certas nos contextos certos. A receptividade do conteúdo fica bem maior. Seja espontâneo e, quando oportuno, seja extrovertido também. Faça perguntas retóricas para despertar reflexões.”
Nôga Simões: “Estudar, estudar e estudar. Ter domínio sobre o tema. Sentir-se preparado e com aquele frio na barriga que nos tira da zona de conforto.”
4 – Para começar uma palestra, crie autoridade e empatia
Eu gosto de iniciar a palestra deixando claro porque EU estou falando sobre esse assunto. Qual a relação entre a minha experiência (seja ela profissional, prática ou teórica) e ser bem claro e transparente a respeito disso. Isso inclui me apresentar, mas de forma alguma falo sobre o meu currículo completo. Apenas os pontos que são relevantes para aquele assunto em questão.
Criar essa “autoridade” sobre o assunto da palestra é um diferencial importante. Outro ponto muito importante é explicitar o propósito da palestra, quais os aprendizados esperados ao final e o caminho que vamos percorrer.
O que a equipe da DB1 diz sobre o início de palestras:
Wagner Voltz: “Antes de palestrar, tente ir para o local com algumas horas de antecedência e feche os olhos, se imagine no ambiente no momento da apresentação. O poder da facilitação visual irá te levar a um lugar mais seguro.
Antes de pegar o microfone, respire fundo algumas vezes. Isto acalmará você. Logo no início, faça perguntas chaves para a plateia para você identificar quem são as pessoas ali envolvidas. Logo que você identificou, fale o que elas poderão aprender. Depois disto, respire fundo e vai lá. ”
Marco Diniz: “Gosto de perguntar quem já conhece o assunto, quem trabalha com o tema e quem pretende trabalhar com tema. Fazer a galera levantar o braço para responder, sempre levanto primeiro para incentivar. Isso é bom para direcionar a palestra de acordo com o conhecimento do público-alvo, e também é uma ótima maneira de fazer a galera acordar e começar a prestar atenção. ”
Rodolfo Helmbrecht: “Sempre busque criar um rapport (ligação de empatia) com o público antes de iniciar. Uma brincadeira com o local, cidade, tema ou o que dá mais certo: “se zoar”. Todo mundo gosta quando alguém zoa a si mesmo (no meu caso sempre brinco com meu sobrenome antes de começar). ”
Luciane Nicolodi: “Minha dica é que tente fazer questionamentos sobre o tema que será abordado, “chamar” os participantes para o tema fazendo com que eles pensem sobre situações.”
André Celestino: “Inicio com uma rápida introdução do meu histórico profissional e, em seguida, uma introdução bem elaborada do assunto que será abordado. Neste ponto, acho interessante um ‘quebra gelo’ para que a palestra não fique muito formal ou categórica demais. Um pouco de informalidade deixa o pessoal mais à vontade.”
Nôga Simões: “Comece com um alinhamento de expectativas.”
5 – Para concluir uma palestra, cuide do tempo e disponibilize contatos
É imprescindível respeitar o horário de início e fim de sua apresentação. Na maioria dos casos, é recomendável reservar alguns minutos para perguntas ao final.
Na conclusão de uma palestra, reforce sempre o valor do conteúdo apresentado. É também nesse momento que você pode entregar seu material e despertar no público a vontade de se aprofundar no assunto.
O que a equipe da DB1 diz sobre o encerramento de palestras:
Wagner Voltz: “Dê um ação que as pessoas possam começar a fazer o mais rápido possível (Call to action).”
Marco Diniz: “Deixe um contato disponível para o público te acionar em caso de quaisquer dúvidas. Isso te ajudará a passar uma imagem de prestativo, mesmo que quase ninguém mande dúvidas. ”
Ana Letícia Feijó: “Gosto de concluir palestras tentando puxar um “bate papo” com as perguntas. Quando não há oportunidade para isso gosto de deixar um vídeo, fala ou frase que traga alguma reflexão, para as pessoas saírem pensando sobre o assunto. ”
Rodolfo Helmbrecht: “Conclua com considerações e o que o conteúdo entregou de valor para o público. Disponibilize contatos e, por fim, siga para os agradecimentos. ”
Luciane Nicolodi: “Abro para perguntas e deixo meus contatos enquanto “rola” o tempo de perguntas e respostas, ao final evidencio meus contatos e me disponibilizo para futuros bate-papos.”
André Celestino: “Não esqueça de agradecer aos organizadores pela oportunidade da palestra.”
Nôga Simões: “Terminar com uma reflexão, sugestão de leituras sobre o tema e um vídeo impactante.”
BÔNUS: Dicas para palestras online + 5 lembretes importantes
Para palestras online, é imprescindível testar e conhecer bem a ferramenta que utilizará. Algumas ferramentas exigem que o apresentador tenha algum software pré-instalado, algumas soluções acabam necessitando configurações específicas para sua câmera e áudio (microfone).
Sobre a qualidade do vídeo e a altura do som, é interessante que sejam avaliadas por outra pessoa antes do início. A posição da câmera e o ambiente da apresentação não deve ter nada “em movimento”, para não distrair o foco de quem estiver assistindo.
O que a equipe da DB1 diz sobre palestras online:
Wagner Voltz: “Se for online ao vivo, peça para a galera mandar perguntas. Se for gravada, peça para a galera adicionar nas redes sociais para continuar o assunto. ”
Ana Letícia Feijó: “Poucas pessoas se interessam por vídeos longos, precisa ter uma dinâmica muito boa para prender a atenção das pessoas. Pra mim a forma como o Simon Sinek faz suas palestras é um jeito interessante para ficar online, porque ele instiga as pessoas, faz reflexões e consegue fazer as pessoas raciocinarem junto com ele, então é mais difícil as pessoas abandonarem o vídeo até concluir o pensamento. ”
Rodolfo Helmbrecht: “Caso sua apresentação online não inclua a gravação do seu rosto, tenha atenção especial na tonalidade de voz. Como o público não vê sua expressão facial, o tom pode ser mal interpretado. Já que a voz será o foco, cuide para não ter uma fala monótona (sempre no mesmo tom) e tente soar como se estivesse sorrindo, para passar uma simpatia maior. ”
André Celestino: “A minha dica é “simular” a palestra com algumas dias de antecedência para aquecer a mente. Este processo também ajuda a identificar equívoco para evitá-los no dia “oficial” da palestra.”
Nôga Simões: “Palestras on-line precisam ser curtas e cativantes (máximo 20 min), porque palestras demoradas, principalmente on-line, não prendem o espectador, pois começam a navegar por outras abas do navegador e fazer outras coisas. A sugestão é fazer algo na linha do TED Talks (20 minutos) e seguir a metodologia do elevator speech. Ou seja, começar com um problema e seguir aquela metodologia do Golden circle: por que, como, o quê.”
AO PALESTRAR, LEMBRE-SE:
- Teste o projetor e a resolução do seu notebook antes do horário da sua apresentação.
- Leve os seus adaptadores. Alguns lugares possuem apenas HDMI ou apenas VGA e nem sempre os projetores são compatíveis com todas resoluções.
- Sempre tenha uma versão em PDF como plano B.
- Faça o upload dos seus slides para nuvem e/ou google docs, ou de alguma outra forma que esteja de fácil acesso.
- Utilize um passador de slides.
Esperamos que tenha gostado das dicas. Pratique e vá para o palco!
Quer compartilhar com a gente suas próprias dicas sobre a apresentação de palestras? Deixe seu comentário abaixo 🙂
Sobre Guilherme Motta:
Guilherme Motta atua como Agile Coach e na gestão de equipes que desenvolvem software. Atualmente, Coordenador de tecnologia na Globo.com. Trabalha na área de TI desde 2005 como generalista, desempenhando funções como consultor e terceiro em projetos de diversas empresas como Klarna, ThoughtWorks, Nokia, HP, Terra, Bovespa entre outras. Teve o seu primeiro contato com métodos ágeis em 2008, em um projeto distribuído que utilizava práticas de Scrum. Certified Scrum Professional (CSP) pela Scrum Alliance, graduado pela PUC-RS em Sistemas da Informação e MBA em Gestão Estratégica da Tecnologia da Informação pela Fundação Getúlio Vargas.
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