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Foto de um homem contemplan do o sentido da vida, no blog DB1

O sentido da vida e o sentido do trabalho: você já encontrou?

Qual o sentido da vida? Pergunta cotidiana, simples, mas profunda e com imenso potencial revolucionário. Presente em triviais conversas informais. Presente em densos fóruns acadêmicos. Do bar à Academia, instigando a reflexão, fascinando a consciência.

Pergunta capaz de modelar comportamentos, de provocar temor, culpa ou remorso. Mas igualmente capaz de criar satisfação, senso de dever cumprido e orgulho pessoal ou coletivo; mesmo onde alguns apenas veriam banalidade ou perda de tempo. 

Desde que o ser humano se compreende como ser pensante, essa pergunta se faz presente. Emergindo ante o assombro da morte alheia, dos entes queridos da vida em clã ou em comunidade. Viver é naturalmente indagar-se qual a explicação do existir, já que o evento morte, inevitável coexistente a vida, inexplicável, urge por alívio de dor.  

Como cada um busca o sentido

Ao longo do tempo, hipóteses têm sido articuladas para dar sentido à vida. A filosofia e as religiões de forma geral são as principais protagonistas desse processo. Mentes privilegiadas e algumas almas nobres ao longo dos séculos têm formulado hipóteses.

Algumas dessas o senso comum tem acatado, em maior ou menor grau, de acordo com as demandas de cada época. Trata-se da icônica dança histórica do frágil ser humano em busca de significado, causa primária de religiões e revoluções

Alguns corajosos conseguem abraçar uma hipótese estabelecida para dar sentido a sua própria vida. Outros constroem seus próprios mosaicos de hipóteses.

Há os que promovem suas próprias adaptações. Também há aqueles que simplesmente procuram negar que haja algum sentido na vida. Por dúvida, convicção, ojeriza, firmeza, atrevimento ou ousadia. Mas, por inferência lógica, talvez sem se darem conta, estão igualmente se identificando com uma das hipóteses da mesma questão existencial:

Qual o sentido da vida? 

Independente das hipóteses vigentes e da forma como nos relacionamos com elas, o fato é que a vida está aí para ser vivida. Até o dia da nossa própria morte, nossa vida será vivida.

Faremos escolhas e nos relacionaremos com as pessoas. Nossa energia será despendida em algo. Se será aproveitada ou desperdiçada, dependerá do ponto de vista, mas, o fato é que cada um dos nossos dias é uma unidade computável do tempo total em que estaremos vivos.

De forma considerável, nossas escolhas e a maneira como usamos nosso tempo serão norteadas pela maneira como lidamos pessoalmente com a pergunta “qual o sentido da vida?”. 

E o sentido do trabalho?

O trabalho faz parte da vida. É uma das formas pelas quais gastamos nossa energia (ou a desperdiçamos?). Cada unidade computável de nossa vida tende a dedicar uma parte significativa ao trabalho. Executando-o ou preparando-se para ele. Investimento na carreira. Desenvolvimento profissional. Execução de tarefas. Metas a serem alcançadas. Há muito na vida que gira em torno do trabalho. 

O sentido do trabalho e o sentido da vida estão conectados. O sentido do que estamos fazendo com o nosso tempo, no trabalho, comungará inerentemente ao sentido que estivermos dando a nossa vida.

As mesmas tarefas corporativas poderão ter significados totalmente diferentes, dependendo do sentido que estamos dando ao trabalho – a vida que estamos vivendo.

A trajetória de uma carreira profissional é na verdade uma trajetória de vida. O que estamos construindo por meio do trabalho é, de forma muito consistente, o que estamos construindo com a nossa própria vida. Essa conexão é inerente, indelével, inseparável. Não depende de visão pessoal ou de hipóteses. 

Eu gostaria de ilustrar essa questão do sentido que damos ao trabalho com uma estória que li há muitos anos: 

O conto dos trabalhadores que cortavam pedras

Uma vez, um sujeito estava andando e se deparou com trabalhadores trabalhando com pedras.

Parou para conversar com o primeiro e lhe perguntou: “Amigo, o que você está fazendo?”. Aquele trabalhador lhe respondeu: “Estou ganhando o meu pão de cada dia”.

Continuou andando e encontrou outro trabalhador trabalhando com pedras e também lhe perguntou: “Amigo, o que está fazendo?”. Aquele homem então lhe respondeu: “Estou lascando essa pedra aqui para ela encaixar no alto da construção que estamos fazendo”.

O homem ficou impressionado com a resposta e com a diferença entre este e o primeiro. Mas prosseguiu e encontrou um terceiro trabalhador. Então, ele também perguntou a esse terceiro trabalhador: “Amigo, o que você está fazendo?”. Aquele terceiro trabalhador lhe respondeu: “Pois não vê? Estou construindo uma enorme catedral”.   

E você? Que sentido está dando para o seu trabalho?

Não há resposta certa ou errada. Não se trata de uma questão de certo ou de errado. Trata-se de percepções do sentido que as pessoas atribuem ao que estão fazendo com suas próprias vidas.

Algumas estão ganhando o pão de cada dia. Outras estão executando tarefas com metas claras a serem alcançadas. Mas há aqueles que estão envolvidos numa causa que é muito maior que eles próprios. Que permanecerá como legado, mesmo depois que suas vidas passarem.

Há pessoas que estão construindo catedrais com seu trabalho. Têm a percepção de que estão alterando a realidade de outras pessoas. Estão construindo um Mundo melhor. Estão engajadas numa causa muito maior que elas próprias. Esse engajamento acontece inclusive pelo trabalho remunerado que desenvolvem.  

Há um sentido no trabalho que é muito maior que ganhar o pão de cada dia ou o de lascar pedras. Ainda que esses também sejam sentidos respeitáveis. O que estamos fazendo com nosso trabalho é o que estamos fazendo com a nossa vida nesse Mundo. Essa conexão faz total diferença para o dia a dia.  

Estamos aqui para construir catedrais. Tornar a vida das pessoas melhor. Dar a elas uma nova realidade, que as tornem mais prósperas, mais felizes, mais realizadas. Dar as pessoas com as quais nos envolvemos um valor que ficará mesmo depois de nossa morte. Um legado.

O sentido do nosso trabalho é tornar o mundo das pessoas um mundo melhor. O valor do nosso tempo, energia e conhecimento é muito maior que o sistema financeiro possa calcular ou que o capital possa recompensar. Nosso trabalho constrói realidades. Somos construtores de catedrais. Criadores de soluções que encantam as pessoas.  

Não estamos apenas escrevendo código em linguagem computacional. Não estamos apenas fechando negócios. Não estamos apenas preenchendo planilhas ou apresentando relatórios. Não estamos apenas lidando com as questões de atendimento, negociação ou suporte a outros profissionais.  

Clientes, fornecedores, companheiros de equipe, líderes ou liderados. Cada pessoa com quem nos relacionamos faz parte de uma realidade muito complexa, que pode ser iluminada pela interação conosco, pelo viés do resultado que estamos entregando, por meio do trabalho que estamos desempenhando. 

Como vivenciar esse desafio existencial de relevância?

Quais são as ferramentas diárias pelas quais mantemos essa percepção? Qual a forma prática de vivenciarmos essa experiência de transformar realidades por meio do trabalho que desempenhamos?  

Estamos reconhecendo que há uma dimensão metafísica para o trabalho. Há um sentido para além da realidade cotidiana corporativa, que a justifica. Trata-se de um sistema de crenças. Ele é que confere sentido ao que estamos fazendo.

Melhor dizendo, os valores aos quais estamos conectados, validam o que estamos fazendo e a maneira como estamos fazendo. Os valores são, em última instância, os definidores do sentido que damos ao trabalho. Muito mais que palavras significativas ou frases de efeito, os valores organizacionais são concessores de sentido. 

Valores para que?

Você já se perguntou qual a utilidade da declaração de valores de uma empresa? Seria um efeito de marketing? Seriam construções do “politicamente correto” perante o Mercado?

Em tese, a declaração de valores de uma empresa é uma declaração de um sistema de crenças: “aqui, fazemos ‘desse jeito’ e queremos causar ‘isso’, porque acreditamos ‘assim’!”. Já parou para pensar na profundidade de uma declaração de valores organizacionais?

Talvez a pergunta mais importante seja outra: o quanto os meus valores pessoais estão conectados com os valores da organização em que estou trabalhando? Essa pergunta é de essencial importância. Especialmente se você compreendeu que o sentido que você dá ao seu trabalho está intimamente conectado ao sentido da sua própria vida. Como trabalhar numa organização cujo sistema de crenças é simbólico ou ainda diferente daquilo que eu acredito? 

Veja o Lightning Talk sobre esse artigo!

Esse conteúdo já foi apresentado em forma de palestra rápida. No vídeo, você pode ver o autor Rafael de Paula explicando uma conexão entre os valores da DB1 e o sentido do trabalho.

Assista abaixo o vídeo completo:

Conclusão

O sentido da vida é o sentido que damos a ela, independente das hipóteses vigentes. Tem a ver com aquilo que pessoalmente acreditamos.

O trabalho é algo que fazemos com a nossa vida. Usamos do nosso tempo – do tempo de vida que temos. Assim, o sentido do trabalho está conectado ao sentido da vida.

Por meio do trabalho vivenciamos o sentido que damos a vida. Construímos realidades, transformamos histórias. Por quê? Não apenas porque é o nosso trabalho ou porque é nossa obrigação contratual ou porque é o meio de obtermos o pão de cada dia. Mas porque é a vida que acreditamos que vale a pena ser vivida.  

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